Prática de atividade física e alimentação saudável também ajudam a prevenir doenças oftalmológicas

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta: a obesidade infantil já é uma epidemia mundial. Segundo dados da OMS divulgados em 2017, o número de crianças e adolescentes (5-19 anos) obesos em todo o mundo aumentou dez vezes nas últimas quatro décadas: 124 milhões de meninos e meninas são considerados obesos e outros 213 milhões com sobrepeso.
Além disso, pelo menos 41 milhões de crianças de até 5 anos de idade apresentam obesidade ou sobrepeso. O que poucas pessoas sabem, entretanto, é que a obesidade pode afetar diretamente a saúde dos olhos, inclusive na infância. "Ela aumenta o risco de desenvolvimento de doenças metabólicas. A presença de hipertensão ou diabetes, cronicamente, pode levar a retinopatia diabética ou hipertensiva. Existem também trabalhos científicos que mostram relação entre o aumento da pressão intraocular nas crianças obesas e o risco de instalação de glaucoma", explica Natanael de Abreu Sousa, especialista em Estrabismo e Neuroftalmologia, do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), uma empresa do Grupo Opty.
De acordo com o oftalmologista, quando os pequenos são diagnosticados com hipertensão intracraniana relacionada à obesidade também podem desenvolver o que os especialistas chamam papiledema - um inchaço nos nervos ópticos, que tende a desenvolver uma atrofia progressiva e se não corrigida a tempo, pode ser irreversível. "Sabe-se ainda que a obesidade cria um estado pró-inflamatório em todo o corpo, gerando grande produção de radicais livres, o que tem sido correlacionado, hoje em dia, ao afinamento na camada de fibras nervosas da retina por estresse oxidativo", lembra Natanael.
O médico assegura que grande parte desses problemas poderiam ser minimizados com hábitos de alimentação saudável e a prática de atividade física regular, que auxiliam no controle da pressão intraocular e melhoram a oxigenação do olho. "A ingestão de antioxidantes tem papel importante na prevenção dos processos naturais de envelhecimento do corpo, o que inclui também o olho e suas estruturas mais nobres: córnea, cristalino, retina e nervo óptico", reforça.
Uma alimentação pobre em vitaminas, também pode comprometer a saúde ocular de crianças e adultos. Em setembro deste ano, um adolescente de 17 anos, no Reino Unido, perdeu a visão por causa de uma alimentação diária à base de batatas fritas, pão branco e fatias de presunto. Os exames clínicos mostraram que o jovem apresentava déficit sério de vitaminas e dano no nervo óptico provocado pela ausência de nutrientes. Como resultado, o rapaz teve o diagnóstico de perda progressiva da visão.
Por isso, o oftalmologista orienta que os pais evitem oferecer às crianças alimentos de alto valor calórico e baixo valor nutritivo, como fast-foods e refrigerantes. "O ideal é ter uma dieta rica em caroteno (precursor da vitamina A), geralmente encontrado em frutas e verduras com cores laranja e amarelos, como cenoura, mamão e etc.; aumentar a ingestão de ômega 3, presentes nos azeites e peixes; optar sempre por uma porção de alimentos ricos em ácido fólico e vitamina B12, como folhas verdes escuras (espinafre) e carnes (fígado de boi ou galinha); e acrescentar doses diárias de antioxidantes, como as castanhas. Todos em conjunto, consumidos de forma variada, regular e equilibrada são importantes aliados para a saúde dos fotorreceptores da retina e neurônios do nervo óptico", completa o Dr. Natanael.